quinta-feira, 30 de abril de 2015

PERPÉTUO



Perdeste-te na bruma dos dias, transformada em silhueta de saudade oculta por de traz das vestes da ausência.

Lavro a terra com palavras agastadas regando-a com a chuva do desespero.

Desembainho a espada manchada pelo sangue do sofrimento.

Confino-me a ínfimas partículas de cinzas varridas pelo vento da amargura.

Dedilho as notas desafinadas da melodia do desalento lúgubre.

As forças, esbatem-se na derrota da cumplicidade dos dias, exalando o incenso da mistificação.

O sol, vestiu-se de fuligem imanada pela minha alma petrificada.

Agora já só resta, uma amálgama fossilizada nas estrias da memória emoldurada por uma submissão mutilada, por um ascetismo impiedoso.

Em vão, abraço o inatingível, com o mais louco fervor de ser feliz.

O grito lancinante é amordaçado, pela implacável resignação que me asfixia.

As mãos trémulas, evidenciam a minha fragilidade, entregue a um destino debruado pela conivência castradora.

Não sei de mim!

 

DIOGO_MAR

3 comentários:

  1. Senti-me muito perto deste estado dolente, do qual extrais um sentir que vai para lá
    do que expressas em palavras. "Não sei de mim" - talvez não queiras saber do exterior de ti, mas certamente sabes bem do interior de ti...
    Gostei imenso!
    Bjo, Diogo :)

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  2. Às vezes a vida, adormece-nos de nós mesmos... mas depois algo acontece... de bom, ou de mau, que nos faz acordar, por dentro... e às vezes, renascer de novo...
    Adorei o texto, Diogo!
    Bjs
    Ana

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  3. Woow... Evoluíste para a prosa num registo absolutamente fantástico!
    parabéns... está excelente!

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