domingo, 18 de dezembro de 2016

EU JÁ...


 
Já escondi um amor com medo de o perder, já perdi um amor por escondê-lo.

Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir as minhas.

 

Já expulsei pessoas da minha vida que muito amava, para de seguida arrepender-me dessa decisão.

 

Já passei noites a chorar até chegar o sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.

 

Já acreditei em amores-perfeitos, mas acabei constatando  que são utópicos.

 

Já amei pessoas que me dececionaram, já dececionei pessoas que me amaram.

 

Já passei horas na frente do espelho a questionar-me quem efectivamente sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer desaparecer.

 

Já menti arrependendo-me depois, já falei a verdade e também acabei por me arrepender.

 

Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde desolado pela minha covardia, desabafar no meu canto.

 

Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.

 

Por engano acreditei em pessoas que não valiam a pena, para de seguida deixar de acreditar nas que inequivocamente valiam.

 

Já ri quando não me apetecia rir, mascarando a realidade.

 

Já destruí objectos, extravasando a minha ira.

 

Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse..

 

Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.

Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar a alguns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.

Já fingi ser o que não sou para agradar a alguns, já fingi ser o que não sou para desagradar a outros.

 

Já desempenhei o papel de palhaço, com o intuito de fazer um amigo feliz.

 

Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.

 

Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "Encontro-me, agacho-me, fico ali" imóvel.

 

Já caí inúmeras vezes pensando que não me ia reerguer, já me reergui inúmeras vezes pensando que não caía mais.

 

Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.

 

Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu tanto amava.

 

Já chamei pela minha Mãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e o pesadelo tornou-se ainda maior.

 

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e acabei defraudado ao constatar que não o eram... Outras nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.

 

Não quero  que me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.

Não criem espectativas mostrando o que esperam de mim, porque eu vou seguir o meu coração!

Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente por uma questão de coerência, recuso-me a adulterar a minha identidade, gosto de ser assim, e vou ser sempre diferente!

 

Não sei amar pela metade, não aceito meios-termos, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.

Não prostituo o meu carácter nem a minha personalidade, irrita-me coisas e pessoas, que alimentam o seu ego com hipocrisia, futilidade e banalidade.

Sou perfeito dentro da imperfeição, porque a perfeição é imperfeita.

Sou sempre eu mesmo, mas com certeza não serei o mesmo para sempre!

 

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, das decisões mais arrojadas, dos sentimentos mais fortes.

O meu peito é um vulcão a fervilhar os delírios mais loucos.

 

Podes até empurrar-me de um penhasco q eu vou dizer:

Ó… e daí? Eu adoro voooaaaaaaar!

 

DIOGO_MAR

domingo, 29 de novembro de 2015

POR QUE TE PERGUNTO PORQUÊ



Por que te escondes da realidade?

Por que chamas à mentira de verdade?

 

Por que dizes sim, quando queres dizer não?

Por que asfixias a razão?

 

Por que calcorreias caminhos errantes?

Por que embriagas o teu ego, de loucuras extravagantes?

 

Por que vendes o teu carater e personalidade?

Por que te fizeste servo da maldade?

 

Por que te vergas ao jugo do materialismo?

Por que ignoras a nobreza do altruísmo?

 

Por que ostentas um olhar de desdém?

Por que negas o pouco que te pedem?

 

Por que adulteras a tua essência?

Por que te negas a ouvir a voz da consciência?

 

Por que ergues o facho da hipocrisia?

Por que alimentas a desarmonia?

 

Por que dás guarida a vingança?

Por que roubas aos outros a esperança?

 

Por que negas um abraço e um sorriso?

Por que é disso que mais preciso.

 

Por que apontas o dedo acusatório?

Por que negas-me a mão, para sair deste calvário?

 

Por que tanto narcisismo e indiferença?

Por que sustentas uma vida de aparência?

 

Por que ages como sendo o dono do mundo?

Por que julgas o teu semelhante por vagabundo?

 

Por que tanto egoísmo e excentricidade?

Por que essa postura de falsidade?

 

Por que tanto egocentrismo?

Por que não assumes o teu caminhar para o abismo?

 

Por que essa prepotência e arrogância?

Por que o teu gáudio cruel de ausência?

 

Por que palavras de rancor?

Por que ignoras o amor?

 

Por que empunhas a espada incandescente?

Por que a tua voracidade cega e urgente?

 

Por que ostentas o preconceito?

Por que esmagas o meu peito?

 

Por que me lançaste para o desfiladeiro?

Por que negas o teu irmão de corpo inteiro?

 

Por que jorras tanto cinismo?

Por que amordaças o humanismo?

 

Por que não abres mão da covardia desse pedestal?

Por que não adotas uma vida de verdade e leal?

 

Por que tens pavor da humildade?

Por que recusas o valor da amizade?

 

Por que não soubeste viver?

Sim, porquê?

Só te resta agonizar de remorso na hora do teu morrer!

 

 

DIOGO_MAR

domingo, 13 de setembro de 2015

TEMPO PARA O TEMPO



Os meus passos, perdem-se na imensidão das palavras, que me transportam até ti.

Onde estás?

Deixo que seja a cadência dos dias a esculpir na pedra bruta do tempo o amor, que cinzelado, lhe empresta, uma geometria de candura inigualável.

É nesta alma forjada na fogueira do amor incandescente, que lavram no meu peito lavaredas demolidoras de ansiedade.

Crepitam lágrimas de uma paixão voraz.

Tenho medo!

O seleiro do amor inusitado que por ti sinto, não se pode esvaziar.

Ó corpo de siara, olhos de amoras, cabelos de urze.

Quero ser o teu sabiá o maestro da orquestra, que inunda os teus ouvidos com serenatas ébrias de mel.

Faço um pacto com o vento, que detenha a cadência do relógio do campanário.

O amor não tem hora, nem pressa.

O amor Sou eu, és tu, somos nós!

 

DIOGO_MAR

domingo, 5 de julho de 2015

PORQUÊ!




No desfiladeiro da vida, flutuam palavras de breu, enfermas de silêncio, escarpadas pela ausência.


Não sei de mim!


Aliás, se eu de mim soubesse, escrevia-te com esta mão trémula de desejo, no vitral da janela a prece, onde te suplico o sol do teu sorriso a aurora do teu olhar.


Aqui estou debruçado, no parapeito da saudade, com olhos rasos de melancolia a contemplar a caducidade dos dias.


O relógio morreu!


Os ponteiros foram fossilizados pelo tempo implacável e voraz.


Ficou tanto por dizer!


O arrependimento, esbofeteia-me o rosto alagado de lágrimas covardes, que regam as páginas dos dias despojados de esperança, servidos numa bandeja de um futuro cheio de promessas de amanhã.


O tempo estragou o sonho e coloriu de cinzento a flor dos dias!


 


Diogo_Mar

quinta-feira, 30 de abril de 2015

PERPÉTUO



Perdeste-te na bruma dos dias, transformada em silhueta de saudade oculta por de traz das vestes da ausência.

Lavro a terra com palavras agastadas regando-a com a chuva do desespero.

Desembainho a espada manchada pelo sangue do sofrimento.

Confino-me a ínfimas partículas de cinzas varridas pelo vento da amargura.

Dedilho as notas desafinadas da melodia do desalento lúgubre.

As forças, esbatem-se na derrota da cumplicidade dos dias, exalando o incenso da mistificação.

O sol, vestiu-se de fuligem imanada pela minha alma petrificada.

Agora já só resta, uma amálgama fossilizada nas estrias da memória emoldurada por uma submissão mutilada, por um ascetismo impiedoso.

Em vão, abraço o inatingível, com o mais louco fervor de ser feliz.

O grito lancinante é amordaçado, pela implacável resignação que me asfixia.

As mãos trémulas, evidenciam a minha fragilidade, entregue a um destino debruado pela conivência castradora.

Não sei de mim!

 

DIOGO_MAR

terça-feira, 17 de março de 2015

DESPOJOS



Aqui estou, no leito da saudade, mutilado pela dor da ausência.

O meu sangue, submerge a minha alma de langor, no pranto da noite castradora e infinita, vestida de um breu cruel e gélido.

A minha voz mortiça, sussurra a submissão de uma vida madrasta.

Escrevo com a mão implacável do tempo, nas páginas sombrias e agastadas do desencanto.

Crepitam sonhos órfãos de amargura, esboroados numa alquimia reduzida a cinzas.

Resta-me um amor expropriado, que jaz num adiamento perpétuo.

Sou decepado, na minha mais pura essência, jogado as mãos do carrasco de mim próprio.

O meu corpo é varrido pelos ventos agrestes que ceifam a minha identidade, Torturada pelo ascetismo impiedoso.

Que cortina é essa, que me ofusca a luz da vida, sepultando-me na caverna da incerteza, de nunca me possuir.

 

 

DIOGO_MAR

quarta-feira, 11 de março de 2015

A BRISA DA SOLIDÃO



Esvaem-se do meu peito, palavras aladas a perderem-se, neste céu de anil vestido.

O horizonte, afaga um mar ludibriante, de raiva e docilidade.

As minhas palavras, são aniquiladas pelas trevas do desespero, emolduradas pelo silêncio a percorrer esta imensidão, retalhada pela cálida e melancólica ânsia, de voar nas asas do vento cioso de desejo.

Agora, sou uma amálgama, fecundada num emaranhado de vontades órfãs, a desdobrar os dias, sem encontrar o norte.

Aqui fico imóvel, contemplando o convés de sonhos náufragos, encalhados na bruma da ilusão, desabrochada numa epopeia vestida de tirania, de mãos implacáveis, que trespassam um peito despojado, brotando um tenebroso silêncio de ausência.

 

DIOGO_MAR