domingo, 22 de fevereiro de 2015

MANUSCRITO



É com a lapiseira do sol, que Escrevo nas folhas de uma árvore chamada tempo.

Riscos e sarrabiscos, muitas vezes desconexos, sombreados pelas agruras da vida, representada pela noite mumificada de breu sepulcral.

Esboços de vivências empedernidas de segredos e confidências, que só o vento visita e transporta a paragens longínquas, numa cúmplice aliança com o passado, na retrospetiva da minha travessia.

Jorra a tinta de um arco-íris, matizado pelos pingos da chuva, misturando-se com as minhas lágrimas, matando a sede da terra, fazendo-a transpirar, um odor de liberdade.

Estaria o céu enlaçado com o meu pranto?

Esse mesmo céu, ora toldado de nuvens carrancudas, num estranho bailado fúnebre, ora exibindo um alegre e resplandecente sorriso, influenciando o meu ego.

Um dia sol, eu irei empalidecer contigo, o meu corpo ficará inerte, irei viajar no crepúsculo do tempo, planando por aí, ao encontro da redescoberta da vida, que amo e com toda a tenacidade exalto.

Sim, porque o rascunho das minhas palavras fosforescentes, são uma arruela da aurora, num hino que edifica a orquestra da sebenta terrena.

 

 

DIOGO_MAR

3 comentários:

  1. Um manuscrito muito bem escrito, Diogo. Parabéns!

    ResponderEliminar
  2. Gostei muito do que li, quer pelo conteúdo, quer pela expressividade poética do texto.
    Um manuscrito raiado de vida, sem tempo nem espaço que a comprima.
    A verdadeira liberdade de ser. Mesmo depois da orquestra parar de tocar,
    o ciclo continua...

    Abraço e grata pela visita

    ResponderEliminar
  3. ''Um dia sol, eu irei empalidecer contigo, o meu corpo ficará inerte, irei viajar no crepúsculo do tempo, planando por aí, ao encontro da redescoberta da vida, que amo e com toda a tenacidade exalto.''

    Lindo demais!

    ResponderEliminar