Ali estavam as paredes imponentes rudes e toscas, resistentes
à erosão dos anos, da casa onde germinaram todos os meus sonhos.
Transpiravam suor acre-doce, das raízes da memória dolente a
venerarem o passado.
Amores e desamores, derrotas e vitórias, aos ombros derreados
do velho gigante do tempo, de cabelos imaculados de sabedoria.
Eu, sentado à janela de sacada, debruçado no parapeito da
melancolia, com olhar rasgado, sobre a imensidão daquele vale a segredar-me,
lendas e preces, onde crepitam histórias de vidas a perder de vista, entrecortado
pelo bailado das águas cristalinas do rio, ora manso ou feroz, mensageiro de abundância,
ou fome, esculpido nos rostos encortiçados, pela labuta e angústia, que é a incógnita
da generosidade divina das colheitas.
Folheio os dias desbotados, afagando-os com mãos de mundo, gretadas
pela enxurrada da saudade a diluir-se, por entre os dedos finados de ânsia.
Repouso sentado à soleira do tempo, embalando histórias de
uma travessia, que se eclipsou em cinzas deste peito, escavado por uma lânguida
recordação.
Agora já só restam páginas impercetíveis, no rumorejar da
saudade.
DIOGO_MAR
É sempre com muito gosto que leio os seus textos, em histórias muito belas..... Parabéns !!!
ResponderEliminarO silêncio é a música da alma. Escutá-lo transmite-nos uma certa nostalgia das nossas raízes e vivências.
ResponderEliminarAbraço,
Jorge
O silêncio pode ser de ouro. Mas por vezes pode e deve ser rasgado.
ResponderEliminarUm texto poético de grande beleza.
ResponderEliminarGosto destas paredes que guardam tantas e tão gratas recordações.
As rugas e os musgos que revestem cada pedra são testemunhos que nos ajudam a reviver um passado que se faz presente.
Cordiais saudações
às vezes o silêncio
ResponderEliminaré oco por dentro
outras, quando rasgado
soa como um grito, um brado
Cheguei
oiço
e é cedo
para comentar esse (este) silêncio
prosa poética cheia de memórias.
ResponderEliminare no silêncio
se faz grito!
boa semana.
beijo
:)
Muito bonito este texto, palavras profundas e belas a romper o silêncio.
ResponderEliminarBoa semana
bjs
Bom...fico fã incondicional.
ResponderEliminarÉ um prazer, uma delícia, ler o que escreve.
Bjs.
E finalmente foi hoje que passei por aqui... e fiquei fã...
ResponderEliminarSeria impossível não ficar...
Adorei este texto, Diogo.
Há silêncios que devem mesmo ser rasgados para que algo, ou alguém se faça ouvir...
Tive muito gosto em conhecer este novo espaço, e será um prazer, voltar aqui, para apreciar estes belos trabalhos... e as palavras profundas, e marcantes... que calam e rasgam silêncios vazios...
Adorei tudo, por aqui...
Qualquer dia... será para considerar uma publicaçãozita, Diogo!?...
Actualmente estou a ler um livro, praticamente feito de pequenos textos individuais, curtos e profundos, de linguagem forte, e realista, que giram à volta de relações humanas... muito apelativos para os leitores de agora, que lêem entre os intervalos da pressa dos dias... de Pedro Chagas Freitas - "Prometo Falhar"
Textos como os seus, Diogo, dariam uma publicação igualmente fantástica... como os que se encontram por aqui, neste blogue, por exemplo...
Com mais tempo virei noutro dia, ler mais algumas publicações anteriores a esta...
Continuação de tão excelente trabalho... e parabéns! Bjs
Ana